segunda-feira, 4 de agosto de 2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Deus sabe quanto amei

É um filme sobre pessoas solitárias. Sobre marginais. Sobre seres humanos. A certa altura, Ginny repreende Dave: "Não tem o direito de falar comigo como falou. Sou um ser humano e tenho direitos e sentimentos como todo mundo". E é mais ou menos sobre isso o filme. Nenhuma personagem ou atitude aqui parece ser digna de julgamento. Bama chega a citar que Ginny é uma idiota, Dave também. A própria personagem parece ter consciência disto. E talvez por isto ela seja tão amável. Todos os personagens cometem atitudes aparentemente repreensíveis, seja por orgulho, amor, inocência ou preconceito. Contudo, todos parecem agir em seu direito. Absolver todos os personagens é o que faz de Minnelli um Minnelli. Não há tempo para o espectador julgar isto ou aquilo, porque Minnelli já os inocentou há muito. Em aula, Gwen discursa sobre a (i)moralidade de certos escritores, fala sobre o que torna as fraquezas e forças destes igualmente grandiosas. Pode parecer um discurso impregnado de moralismo, ao dicotomizar certos hábitos em fraquezas e forças, mas há algo além disto: há a condição humana, inescapável até mesmo aos imortais. Logo após o discurso, vemos Ginny entrar na sala para, inocentemente, destruir a relação entre Gwen e Dave (na verdade, a causa de tal destruição será a própria Gwen, que mesmo após tal discurso, será vítima de seu próprio preconceito). E quem, em perfeita condição, pode culpar Ginny - personagem mais guiado pela ingenuidade que qualquer outro - de qualquer coisa? E há também aquele lampejo de Dave, aquele olhar de assombro, parecendo perceber finalmente o que nos saltava aos olhos (pelo menos nos filmes isto acontece de vez quando): "I love you, but I don’t understand you. What’s the matter?”. Neste momento, que não deve durar nem dois segundos, mas que nos é uma eternidade, porque passa em nossas cabeças o mesmo que passa na cabeça de Dave (ou seja, tudo), há a descoberta da verdade, de uma certa esperança, de que "todos nós somos seres humanos e temos direitos e sentimentos como todo mundo" e que isto, apenas isto, nos torna dignos de atenção.

domingo, 27 de janeiro de 2013

domingo, 2 de dezembro de 2012

Moonrise Kingdom

Moonrise Kingdom é a assunção da condição cartógrafo por Anderson. Não à toa, passa os primeiros quinze minutos a descrever o espaço no qual a narrativa será conduzida. Na verdade, é mais um filme-descrição que um filme-narrativa. Os limites de espaço e tempo são definidos no início do filme, e de certa forma, tornam este universo inalcançável e inescapável - ausência de horizonte. Trata-se de um ambiente hermético, isolado, sem inputs ou outputs, pressuposto de alguns experimentos científicos -filma mais como um projeto de laboratório do que uma casa de brinquedo. Há pouco ou quase nenhum interesse pelos personagens, tratados como fantoches. Não são mais estes que se encontram deslocados no mundo, como em seus filmes anteriores. É o próprio mundo que está deslocado. E, por mais que as premissas pareçam interessantes de um ponto de vista científico - meio manipulado, variáveis conhecidas e controladas -, falta o essencial: a hipótese. Não há o que se testar, pois o objeto de interesse - estudo - é o mundo por ele mesmo criado - não os personagens; sem uma hipótese a ser testada, o projeto fada-se ao fracasso, é natimorto. Enxergamos os dados - descritos - mas não sabemos o que fazer com eles. Pretende-se ecologia, mas está mais para zoologia ou botânica. Sobre a questão suscitada pelo Alpendre, nada mais natural ao Anderson do que filmar o mundo como uma casa de bonecas, o que não acho condenável em sua essência. Assistir Moonrise Kingdom é voltar à infância, imaginar mundos debaixo de lençóis esticados em forma de barracas de acampamento. Cada tentativa de frustrar o plano dos protagonistas soa como um "Já pra cama!". Wes Anderson quer falar de adultos, mas como uma criança, concentra todo o seu interesse nos mundos que imagina. Afinal, adultos são patéticos - ideia cristalizada na própria imagem do chefe de escoteiros.

sábado, 5 de maio de 2012

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

L'incompreso




Garotos não amados sempre acabam no cinema.